as notícias diárias, por ssru

Apenas a generosidade da jornalista Joana de Belém e do Diário de Notícias, torna possível incluir este modesto sítio no lote dos excelentes blogues que discutem a Cidade do Porto, com a alma própria de quem é “mui nobre e invicto”. Foi o que aconteceu na passada segunda-feira, 27 de Abril, numa notícia de página inteira mostram-se os vários sítios onde se pretende falar verdade, onde se sente o pulsar, a vida das cidades de Lisboa e do Porto.

Reparem bem, estar entre os melhores blogues como a Cidade Surpreendente e a Outra Face, a Baixa do Porto, as Casas do Porto, o Não-Lugares no Porto, as Ruas da Minha Terra e outros, é motivo de grande orgulho para nós e um incentivo para continuar.

Para além da troca completa de correio electrónico que vos deixamos abaixo, fiquem ainda com a versão impressa do Norte e do Sul e com mais dois links da página online [1] e [2] do Diário de Notícias.

DN/Joana de Belém: Antes de mais, pedia alguns dados sobre as pessoas que escrevem o blogue (no caso de quererem divulgá-los, obviamente), como a idade e profissão. O que motivou a criação de um espaço tão específico como este, onde o assunto é o Porto? Apesar de ter lido a vossa declaração de princípios, gostaria que expusessem os objectivos da ssru. Manter este blogue é uma forma de exercer a cidadania? Qual a importância de manter este meio de informação? Resume-se a um prazer ou pretende contribuir para a discussão da cidade?

Enquanto cidadão/s do Porto (presumo que morem na cidade), quais assinalariam como os seus grandes problemas?

SSRU: Agradecemos a atenção que nos dirige, mas como perceberá preferimos canalizá-la para os problemas que vivemos, para o Centro Histórico do Porto, como se de facto este fosse uma entidade com personalidade jurídica a quem violentam e desprezam, a quem subtraem os direitos e hipotecam o futuro.

Se este núcleo do Porto já sofreu muitos atentados no passado e sobreviveu, terá sido à custa da obstinação daqueles que resistiram. Se o CHP consegue resistir é porque a sua qualidade é tal que a destruição a que assistimos não consegue derrubá-lo, como em muitas outras cidades deste País ou como muitos outros Patrimónios da Humanidade. Por isso deve ser preservado.

Falar de nós será fácil e desinteressante: quatro amigos e vizinhos que vivem e trabalham no coração da Cidade e que se cansaram de assistir passivamente à degradação ignorante e selvagem de um património que deveria pertencer a todos. As idades variam entre os 35 e os 45 anos e as profissões são diversas: uma jurista/investigadora, uma assistente social, um arquitecto e um economista/empresário.

Avançamos para esta empreitada em “part-time”, porque nos encontramos apenas quando é possível, sobretudo ao fim-de-semana, o que nos constrange bastante uma vez que a velocidade a que tudo acontece é muito superior à nossa capacidade de reacção.

Para reagirmos a uma notícia ou ao lançamento de uma proposta (como o Plano de Gestão do CHP) temos que estudar para podermos concordar ou argumentar contra. Quando recebemos uma dica ou uma informação, independentemente da sua importância, obrigamo-nos a verificar a sua veracidade para não cairmos em descrédito o que aliado ao anonimato seria imperdoável. O anonimato é, assim, um preço altíssimo mas o único que podemos pagar por agora.

Como leu a nossa declaração de princípios, particularmente no segundo perceberá que não promovemos ninguém, não procuramos emprego, não pretendemos um cargo político, não esperamos vantagem económica com a nossa intervenção. Sobretudo não somos a ‘sociedade sombra’ da Porto Vivo SRU!

Assistimos passivamente à extinção das poucas instituições que ainda zelavam pelo CHP – como o CRUARB e a FDZHP, com todos os erros e limitações que estes cometeram – e que foram substituídas (?) por uma que não faz uma décima parte e que é igualmente depende do financiamento público como as anteriores, razão pela qual aquelas foram extintas, transformando tudo isto numa falácia.

As associações do CHP, as recreativas, musicais, desportivas, etc., quase desaparecem, lutando com a falta de apoio e atenção da autarquia que desvaloriza o papel social destes grupos, enraizados na comunidade, onde só a carolice não é suficiente.

Sobressaem os BARES da Zona Histórica!? Consegue perceber o enorme erro de tudo isto?

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Consideramos ser um dever nosso, enquanto cidadãos mais atentos e sensíveis aos problemas do Porto, temos o dever, diríamos, a obrigação solene, de lutar por um lugar melhor e alertar os restantes membros da Comunidade para esses problemas, a maioria deles extremamente básicos como o direito à habitação; ou outros mais rebuscados para certas mentalidades, como o direito ao património cultural comum.

A nossa entrega não é perfeita, não é totalmente altruísta. Também pretendemos a redenção por termos ficado tanto tempo passivamente silenciosos, pouco mais fizemos para além do normal papel de cidadãos civilizados.

De todos os nossos declarados princípios, o mais difícil de cumprir é certamente o primeiro. Sobretudo porque temos consciência que o maior de todos os problemas do CHP e do Porto é: a dificuldade que os dirigentes da Cidade têm em reconhecer que o Porto tem uma gravíssima questão social por resolver.