o sério sacripanta, por ssru

Haverá para uma maioria inúmeros motivos para apreciar Rui Rio, tantos quantos para uma minoria o desprezar. Na verdade, a nossa opinião sobre o indivíduo é bem conhecida dos estimados leitores que nos acompanham desde sempre. O que pior caracteriza a linhagem de políticos (e não só) como os que agora temos, é a sua entranhada incultura. Para melhor definir um ser ou povo não bastará a quantidade de conhecimento, mas antes a qualidade do saber e, sobretudo, será a sua cultura que o fará sobressair dos demais. Pois, dificilmente nos cruzamos com um político como Rui Rio nos Lugares de Cultura como Serralves, Casa da Música, Teatro Nacional de São João ou TeCA, Casa das Artes, Coliseu, Museu Soares dos Reis ou tão só a Livraria Chardron. E olhem que a culpa não é nossa, pois bem tentámos!

Verdadeiramente insuportável é o cinismo e a hipocrisia de se achar para além do político que é, como se pairasse numa nuvem etérea acima da mole de privilegiados, da qual sempre fez parte e com a qual sempre usufruiu de mordomias, como um regurgitado sucedâneo do sistema politico que sempre criticou. Sim Nuno, é verdade, que se parece com Sócrates mais do que com qualquer outro e por isso vejam onde estamos agora!

um homem sério, digam o que disserem os tribunais, dactilógrafo, 4 de Novembro de 2014.

Quando, mais meses menos dias, os opinadores e os partidólogos do socretinismo (re)começarem a montagem do cenário para transformar o energúmeno em líder do PS com D e, consequentemente, em primeiro-ministro, ninguém evocará o tema do Aleixo. Nem as distintas formas de gestão “séria” do Rivoli, da Águas do Porto, da Porto Lazer, dos mercados municipais, do pavilhão Rosa Mota, dos terrenos da Casa da Música. O tribunal permite-nos dizer que Rio é energúmeno, mas a inteligentzia não nos deixa beliscar a seriedade do autarca. Um homem que leva as contas públicas como quem gere o orçamento familiar, com a austeridade dos bem formados, confiando nos amigos, também eles tão sérios.

Quando este momento da elevação do energúmeno a Sebastião (com laivos de rei enevoado, marquês pós-terramoto ou até santo do caravaggio) a ninguém chocará que um dos envolvidos no maior negócio do final do mandato do energúmeno seja representado pelo seu chefe de gabinete. Todos ficarão sossegados ante as garantias de rigor da peça talhada no Colégio Alemão. Este homem não é um político, é um BMW que há-de funcionar a vida inteira sem precisar sequer de mudar o óleo.

E isso vai acontecer desde logo porque dentro das máquinas partidárias que sustentam estes personagens ninguém se choca com a paisagem. Nem sequer dizem “it’s a son of a bitch, but it’s our son of bitch!” porque, para o ecossistema socretinista que se apoderou dos partidos da (des)governação, este é o normal. É uma questão de fé e clubismo.

Fora do próprio partido, quem se dará ao trabalho de desmontar o Leviatã? Os Okupas do Bloco?, essa cambada de punks mal lavados que não tem a mínima ideia do que é gerir uma cidade? Ou os desiludidos do PC? Que até estiveram na coligação que permitiu ao energúmeno levar a coisa por diante?

Dirão, como dizem agora os tipos do PP espanhol, que tudo foi feito para eliminar a corrupção. Aliás, quem ousará proferir uma tal palavra nos arredores da herança do energúmeno? Porque todos sabemos que “corrupção” é uma coisa suja, em que alguém ajusta ou contorna as regras e os princípios para assegurar um benefício próprio ou a outrem. Rio, digam o que quiserem os tribunais, nunca fez nada mais que não fosse no interesse público e nunca favoreceu a outros que não fossem os cidadãos da Invicta.

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o manifesto implosivo, por ssru

Manifesto anti cavaco – Uma geração que consente deixar-se representar por um Professor Aníbal Cavaco Silva é uma geração que nunca o foi. É um cóio d´indigentes, d´indignos e de cegos! É uma resma de charlatães alaranjados e de vendidos, e só pode votar e parir abaixo de zero! Abaixo a geração laranja! Pôrra pró Cavaco, pôrra! Pim!

Cavaco Silva critica partidos e fala em implosão do sistema partidário – Jornal de Notícias, 05 de Outubro de 2014. (…) No seu discurso no 5 de Outubro, o Presidente da República culpou as “promessas irrealistas” dos partidos pela crescente “insatisfação dos cidadãos” e a sua “falta de confiança nas instituições”, que têm tido reflexos em “níveis preocupantes de abstenção”. (,,,) Mantendo-se a tendência das forças partidárias para rejeitarem uma cultura de compromisso, não é de excluir, sem qualquer dose de alarmismo, um aumento dos níveis de abstenção para limiares incomportáveis ou a implosão do sistema partidário português tal como o conhecemos”, afirmou Cavaco Silva. (…) Cavaco alertou ainda para os “custos” da “cada vez maior repulsa dos cidadãos mais qualificados pelo exercício de funções públicas”. “Já se pensou nos prejuízos para o país se não tivermos as pessoas com as competências certas em determinados altos cargos da Administração Pública?”, questionou.

Tamanha é a repulsa, Sr. Silva. Estamos tão fartinhos desta resma de charlatães coloridos e vendidos, deste coio d’ indigentes, d’indignos e cegos, que o melhor mesmo é que o sistema partidário tal como o conhecemos se IMPLODA de vez. Viva a República.

a crónica da crise, por ssru

As palavras que se seguem, foram ouvidas pela primeira vez a semana passada na Póvoa de Varzim, ditadas pela boca e na voz (trémula de início, mas sempre presente) do seu autor, o escritor João de Melo. Foram 15 minutos  longos que perdurarão para sempre enquanto a memória não nos abandonar à pior das sortes. Palavras que se insinuaram, instalaram-se sentadas no meio de nós, erguidas nos nossos sonhos, na roupa, na pele, na alma. Nada mais havendo a acrescentar, pedimos a todos que tenham a felicidade de as ler.

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“Viagem pela ideia da crise” – Opinião de João de Melo, in Público, 26 FEV 2014

Não sei há quantos anos ouço falar de crise – a ideológica, a religiosa, a sentimental, a artística, a literária; e também a social, a económica, a financeira, a laboral, a política, a mundial ou a universal. Uma crise sem paredes que circula entre todos os espaços em branco – esta espécie invasora que já não se detém no limiar de nenhuma fronteira; que não precisa de passaporte nem de santo e senha para entrar, insinuar-se, insurgir-se e instalar-se sentada no meio de nós, ou erguida no pavor sombrio dos nossos sonhos, na roupa, na pele, na alma (para quem ainda a possua ou nela creia, obviamente!).

Nenhuma ideia de felicidade nos pertence (seria no mínimo ridículo que um escritor ousasse confessar-se uma pessoa feliz). Nascemos portugueses, mas para sobreviver a um permanente e absoluto estado de crise, em Portugal. Aqui mesmo ao lado, em Paris, a cidade do exílio e dos mitos ideológicos de outrora, Jean-Paul Sartre morreu com as mesmas dúvidas que o levaram a inventar uma teoria para a angústia do homem moderno, à qual chamou “existencialismo”. Para mim, a única e verdadeira crise dá pelo nome de hiperidentidade – ao mesmo tempo individual e colectiva. Assistem-me portanto o direito e o dever de a invocar. Não sei que fazer de mim, do meu excesso de identidade. Sei muito bem quem sou, mas ignoro a minha missão e não sei em que morada deixei esquecida a chave do meu próximo destino.

Nenhuma possibilidade de se ser feliz em Portugal? Seja pelo facto de nada de bom ou de extremamente mau nos acontecer, seja porque em Portugal simplesmente já não acontece nada. Falamos pouco, mas ouvimos muito. Come-se mal, bebe-se melhor. O resto é uma chaga, uma deriva, um sentimento de que nada aqui nos pertence. Não sei quem veio de fora, nem por que motivo as coisas deixaram de ser nossas – mas voga por aí uma presença estranha, o rosto invisível e absoluto de um qualquer ocupante estrangeiro. Ele mudou o nome das coisas e a precisão doméstica dos nossos sítios. Tomou conta dos lugares públicos. Aquartelou-se nas casas, nas tribunas e nos templos. E agora impõe-nos uma ordem social e espiritual que nunca foi nossa: ou seja, uma religião sem princípios, a confraria da imoralidade, o coro, as matinas, as vésperas de um convento para as almas. E uma sabatina histórica que não nos deixa regras nem palavras. Mas se de facto não acontece nada, tudo porém se vai fazendo em nome de uma imensa maioria silenciosa, a mesma que dá sustento e legitimidade aos diques de que é feita a conjura, digo, a conjuntura do medo e do regime.

Hoje, em Portugal, é Deus quem parte e reparte com o Diabo, ficando este com a melhor parte. São populares e risonhos os amanuenses e os ditadores do país onde já não acontece nada. Basta-nos, para que isto ainda exista, haver lá no alto um cardeal primeiro-ministro, alguns bispos e curas nos ministérios e uns quantos noviços por secretários de Estado – mantendo-se assim a nossa ilusão acerca da existência do país. Bastam-lhe os lugares sentados no Parlamento e um talentoso orador a gritar ao povo; bastam-lhe dois escritores e meio para falar por todos; doze actores de teatro e cinema, dez polícias e um general, um maestro de batuta erguida ante as cinquenta e duas cabeças de uma orquestra, zero vírgula um arrependidos políticos confessos, dois vírgula zero seis professores e sindicalistas, três médicos e meio engenheiro, um cantor de fados e treze guarda-costas, um agricultor e oito industriais, um futebolista e três quartos de outro, um careca idoso e outro careca que ainda exibe o cartão jovem ou o título de novo empreendedor – e fica completo o comício.

Não posso nem devo queixar-me de um país que já não existe. Lamento tudo aquilo que aqui me cerca: este território de ocupação e de gente possuída, este novo “silêncio do mar” de que falou um dia o proscrito Vercors, e o tempo de agora que parece eterno enquanto dura, como diria o poeta Vinícius; o tempo em que, em silêncio oficial, vão morrendo (indignados, desgostosos) mulheres e homens de cultura, gente honrada que assistiu à nova invasão dos Hunos e à sua barbárie e que ainda assim permaneceu honrada. Vão-se os homens desta terra que em tudo deixou de valer a pena desde que sua alma se fez pequena. Vão-se os anéis e os dedos, os pomares e as vinhas, as searas de trigo e os pinhos, os pássaros e o milho – e calam-se pouco a pouco as vozes e os sinos. Já tudo foi dito e escrito, ó André Gide; mas, visto que a memória é tão breve, deve-se escrever e dizer tudo de novo. E aprender no vento os nomes de tudo aquilo que agora é e que dantes não estava aqui. Havia a agricultura e os campos, o canto e a lida (Fernando Pessoa), a poesia e o sonho, os barcos, as veredas e as sombras. Havia algo por que ainda fosse possível e preciso gritar. Não este silêncio e este sepulcro, nem este desmazelo prepotente, nem esta arte de que usam e abusam eles, os ocupantes, para nos fazerem calar a boca e ter paciência. O caso é que eu aprendi a revolução e a história na escola primária. Vivi-as no gesto largo dos heróis, colhi-as como as flores do mal e do vinho em Baudelaire. Não vim para assistir a isto de chegar uma gente sem idade nem memória de nada e obrigar-me a crer que tudo aquilo que vivi e amei não passou afinal de uma ficção ou de uma mentira. No meu tempo, havia livros escritos só para que os comessem os subalimentados do sonho, ó Natália Correia, e não esta gente que nos vira a cara, que cospe para o lado e diz entre dentes que a cultura é cega surda e muda como a pedra, como a “mula da cooperativa” (canção da ilha da Madeira, onde também vibram e morrem alguns dos sonhos que nos foram comuns).

Uma breve história de logros. A história súbita, devassada e oprimida dos meus logros portugueses. De pouco adianta escrevê-la: ninguém ma leria, querido Eça de Queirós. Não devo sequer contá-la: não há quem ouça. Fosse eu um príncipe com orelhas de burro (ou burro com orelhas de príncipe) e com mãos ou patas abriria a terra, a única confidente portuguesa, para a ela contar a longa relação dos logros lusitanos. Quem sou eu, porém, para duvidar da evidência e mesmo da certeza, da versão oficial e do comunicado semanal do conselho de ministros, das notícias do bloqueio e daquele que foi eleito para não ter dúvidas – no país onde já um dia vi passar ciências sociais e humanas como a Filosofia, a Geografia, a Historiografia, a Literatura, a História Universal da Infâmia, Jorge Luis Borges, a ditadura, a guerra colonial, o golpe de estado, a revolução; neste mesmo país onde hoje já não se é nem se está vivo pelos próprios meios da inteligência e da vontade; onde pouco ou nada vale a pena, e cuja consciência nos dói – mas onde já nem a consciência disso vale a pena ou a paixão?

A crise é uma viagem pelo tempo acima – e esta a minha crónica dela. Penso-a e vivo-a com palavras. As sempre belas e amadas palavras. Amo-as tanto como às mulheres e às nuvens brancas que pairam sobre o azul plano e luminoso do mar. Porque eu gosto dos amores secretos que também a mim me escondem da evidência em pleno campo de batalha. Mas a minha guerra não defende o rei. Armei-me contra a crise que levou daqui a alma e trouxe consigo o exército estrangeiro. Atacar o ocupante, mandar prender o rei e o eleito na ilha mais distante de todas as ilhas, fora do coração do povo, para que um e outro vejam e provem deste mesmo exílio; e morram ambos, como nós morremos, do nosso desgosto de sabermos quem somos – e afinal termos perdido o navio do regresso a casa, à terra dos nossos pais, ao mar que um dia já foi só nosso e agora, definitivamente, não nos pertence.

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o doloso quociente, por ssru

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Ministra das Finanças dá bronca no Porto – in Jornal de Notícias, Política//25-01-2014

A MINISTRA das Finanças causou um profundo mal-estar quando, na passada terça-feira, sugeriu, perante duas ‘dezenas de empresários nortenhos, que a Associação Comercial do Porto se fundisse com a Associação de Comerciantes do Porto. Depois de Nuno Botelho, presidente da primeira, a ter acusado de “ignorância”, explicando-lhe que uma nada tem a ver com a outra, Maria Luís Albuquerque, já irritada, arranjou alternativa: então que se juntem a Associação de Comerciantes com a Associação Empresários de Portugal (AEP).

A ministra participava numa sessão de trabalho num hotel do Porto marcada pela Distrital do Porto do PSD. Já no final do encontro e à laia dos cortes que o país terá que continuar a fazer, considerou que o país tem associações a mais e que gasta com elas dinheiro a mais. A ACP não é subsidiada pelo Estado, por exemplo.

“Criou-se um clima de mal-estar por causa da ignorância da ministra”; disse um dos presentes ao JN. “É uma atitude reveladora do pior centralismo, uma falta de consideração pelo Porto”, acrescentou outro dos convidados. Antes, já a ministra deferira um violento ataque contra a Sociedade de Reabilitação Urbana, na senda da guerra que mantém com a Câmara do Porto. “O Estado não vai entregar nem mais um euro à SRU”, terá dito. Contactado pelo JN, Nuno Botelho, presidente da ACP, ficou-se por um “não confirmo nem desminto”. P. F.

Convidada pela distrital do PSD (?), a ministra das finanças conseguiu no Porto, provar tudo aquilo que dizemos acerca das qualidades políticas desta gente que nos desgoverna. A notícia acima (que só encontramos no JN em papel e no clip da ACP, curiosamente) revela uma governante cujo quociente de inteligência roça a ignorância pura, como também é doloso, uma vez que atinge um entranhado ressabiamento disparado em várias direcções. Conseguir, num dado momento da sua parda vida, confundir as diferentes instituições da Cidade e ainda atacar violentamente a única SRU que tem as contas bem feitas, é obra. E desrespeito…

A revelação mais importante a reter é que o comportamento do Governo em relação ao Porto é, ao mesmo tempo, premeditado e abstruso. Assim se percebe por actos vis como o aumento brutal das rendas nos bairros do IHRU e na recusa dos benefícios fiscais para imóveis classificados do Centro Histórico. Por quanto tempo mais teremos de carregar nos nossos ombros o peso do mal que grassa neste País?

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a vida enlatada, por ssru

A conclusão a que chegamos é que Portugal é um País que enferma de uma estupidez endémica! No mesmo dia podemos ler duas notícias tão diferentes mas tão intimamente ligadas, a começar por esta:

“Governo sorteia carros para quem pedir fatura”

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A ‘lotaria de faturas’ arranca em janeiro e, para já, vai sortear automóveis. O sorteio será semanal e destina-se a incentivar os consumidores a pedirem faturas com o seu número de contribuinte. (…) Para ficar habilitado tem que pedir para incluir o número de identificação fiscal no ‘recibo’. Todo o tipo de compras (em qualquer sector de atividade) são válidas e habilitam para o sorteio.

“Uma em cada 5 famílias deixou de comprar carne ou peixe por falta de dinheiro”

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Uma em cada cinco famílias portuguesas, mais precisamente 22,8%, inquiridas num estudo da Direcção-Geral da Saúde (DGS) admite não ter tido dinheiro para comprar alimentos como carne ou peixe nos últimos três meses de 2012. (…).O estudo da DGS acrescenta ainda que quase 30% dos agregados familiares confirmaram ter mudado de hábitos alimentares no período em análise, motivo pelo qual deixaram de comprar alimentos que consideram essenciais.

Abram alas para o enlatado da vida…

a lei fundamental, por ssru

Segundo a Lei Fundamental do País, “a República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”. Quer isto dizer que há, aqui neste rectângulo, um lugar para todos, desde o mais simples e cumpridor cidadão ao mais abjecto e viscoso indigente cidadão. Isto acontece porque a soberania é una e indivisível e reside no Povo, seja ele qual for.

Ora, este Estado de direito democrático só o é se se subordinar à Lei Fundamental e se fundar na legalidade democrática, leis essas que só serão válidas se estiverem em conformidade com a própria Constituição. Foi por isso que o Povo Unido, conhecedor de si próprio, criou o Tribunal Constitucional, para garantir que não andavam uns viscosos a dar cabo disto tudo e a ficarem com a melhor parte do pernil.

Um dos direitos fundamentais previstos na Lei Fundamental é a liberdade de expressão, ou seja, a possibilidade de dizermos o que pensamos sem que por trás apareçam uns tipos cinzentos que nos levam para um quarto escuro e nos deixem cheios de nódoas negras. Em Portugal toda a gente critica toda a gente, pois desde que não se ultrapassem os limites previstos na Lei e não se chame palhaço ao Presidente da República, tudo o resto é permitido.

É por isso que qualquer cão, gato ou rato diz mal do Tribunal Constitucional e até mesmo nós, formiguinhas obreiras, já criticamos o porquê do TC ter permitido que o Estado roubasse o nosso salário, no ano passado, admitindo ao mesmo tempo que havia inconstitucionalidade naquele roubo. Foi uma coisa assim do género: “Ah, os meninos viscosos estão a roubar o lanche aos vossos colegas mas como já comeram metade da santocha, vá… comam lá o resto, s.f.f.! Mas para o próximo recreio não o repitam, está bem?!” O nosso grande problema é que eles repetiram, ano após ano têm repetido os mesmos actos infâmes de violar a Constituição da República Portuguesa e não há ninguém que os castigue. Crucificaram a Manela quando ela sugeriu que se suspendesse a democracia por seis meses e agora já andamos nisto há dois anos e meio. Pensarão eles que tudo é aceitável só porque levaram o Estado à falência e ainda nos ameaçam com a falta de dinheiro para pagarem os ordenados. Austeridade e mais austeridade… Dizem eles que a Lei tem que ser mudada e que foi feita num tempo diferente e que não se adapta a esta crise que vivemos e o TC também não faz falta nenhuma porque não sabe olhar para a realidade do País e que vivemos durante muito tempo acima das nossas possibilidades… Mas afinal a quem é que eles se referem, a que País e a que Povo?

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foto @ google

Criticar é fixe. As críticas podem sempre ser aproveitadas, as boas e as más, para modificarmos alguma coisa para melhor. O que não suportamos é esta ideia de permitirmos que nada acontece àqueles que juraram defender a Lei e a violam ou deixam violar constantemente, a troco de umas 30 moedas ou menos. Aqui, verdadeiramente, não há palhaços, só há traidores!

“Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”, disse ele!

a república avessa, por ssru

Foi há um ano atrás, lembram-se? Até hoje ainda não nos recompusemos!

apenas conseguimos endireitar a bandeira portuguesa

apenas conseguimos endireitar a bandeira portuguesa !

Cento e dois anos de vida ainda podem trazer episódios insólitos? Podem. A República Portuguesa cumpriu-os ontem e viu o Presidente hastear o seu símbolo oficial ao contrário. Cavaco Silva só se apercebeu depois, a bandeira foi endireitada (já por outras mãos), mas o mal estava feito. Mesmo que na sua intervenção Cavaco tenha evitado lançar mais achas para a fogueira da crise política e social, preferindo centrar-se num tema tão consensual como a formação dos jovens, o último dia 5 de Outubro celebrado como feriado encontrou sozinho uma imagem ajustada ao momento.

(…) Ao contrário do que fez em anos anteriores na mesma data, Cavaco Silva preferiu passar ao lado da crise ou do Orçamento do Estado para o próximo ano, evitando agravar o actual contexto social e político que considera mais grave que nos últimos anos. Nesta cautela calculada, o Presidente explicou que “deve situar-se numa posição suprapartidária, acima de controvérsias políticas que marcam o dia-a-dia” e o mais longe que foi em termos de recados foi dizer que o “sacrifício tem de ter um propósito, um sentido, uma razão de ser”.

República de pernas para o ar e com cautelas do Presidente, no Jornal i

a época de caça, por ssru

Está oficialmente aberta a época venatória 2013/2014 de caça ao político português, na subespécie cinegética de nome científico “relvas”, melhor conhecido em certas ZCM’s como “ladrão” e “aldrabão”. Trata-se de uma acção programada com vista a obter o controlo da proliferação desta subespécie invasiva, cuja reprodução se opera por equivalência e que tem dizimado o sistema produtivo nacional, a nossa organização territorial, os bens públicos e privados, a nossa cultura e a sanidade mental do Povo Português. As reservas de caça foram alargadas, uma vez que ZCM passou a designar a Zona de Caça Mundial.

o estado imobilizado, por ssru

Os caros leitores que deram atenção ao artigo anterior, que contém a crónica JN de Tiago Azevedo Fernandes, certamente estarão conscientes que não faltarão exemplos da forma como este País tem sido governado ao longo dos, digamos, últimos trinta anos (excluindo portanto, os primeiros 6 anos do período pós 25 de Abril, para haver aqui uma folga justa). A nós não nos interessam as cores nem as ideologias, mas embora sendo apartidários somos intrinsecamente políticos como quaisquer outros seres humanos. Por isso, no computo geral a apreciação que fazemos dá razão à voz do Povo (leram bem, POVO!), ou seja: “a política portuguesa é uma fraude e nós somos indecentemente enganados”.

Tantos são os assuntos a necessitarem urgente transparência e este que vos trazemos pela escrita de um excelente profissional e amigo, Gonçalo Nascimento Rodrigues do blog “Out of the Box“, é mais um “copy>paste”, que merece ser republicado, para que não restem dúvidas que os cidadãos deste País não são quem os políticos pensam e que está certamente na hora de mudarem de vida. Quem sabe não estaremos a perder excelentes pasteleiros ou cozinheiros de pizzas. Estamos a precisar de novos ares…

Estado Português gasta ou ganha com Imobiliário?, Gonçalo Nascimento Rodrigues, 01 de Setembro de 2010.

Hoje gostaria de vos falar de uma notícia que saiu no Jornal Expresso no passado fim-de-semana, sobre vendas de património do Estado. Ao que parece, o Estado tem vindo a alienar património imobiliário por si ocupado, passando a pagar rendas. Até aqui, parece-me tudo normal, ou seja, o Estado está a efectuar operações de sale & leaseback de imóveis que ocupa, algo que me parece lógico. O Estado, para mim, não devet ser proprietário imobiliário de escritórios e serviços que ocupe, deve antes ser arrendatário e passar a posição de proprietário para investidores.
Uma operação de
sale & leaseback caracteriza-se pela venda de um imóvel, propriedade do vendedor, passando este para a posição de arrendatário desse mesmo imóvel. Pela venda, o proprietário recebe um valor acordado com o comprador, passando a pagar uma dada renda por um determinado período contratual.
Para o proprietário, trata-se de uma operação normal de financiamento da sua actividade com os seus próprios activos imobiliários, sendo uma operação bastante usual e até benéfica nos tempos que correm, de escassez de crédito bancário.
Sobre a forma como estas operações deverão ser estruturadas, da parte de proprietários e investidores, fica para uma outra oportunidade.
A notícia chamou-me a atenção para 2 aspectos: primeiro, ao que parece o Estado está a alienar património à Estamo, uma empresa do Grupo Parpública, detida pelo Estado. Parece-me estranho, vender imóveis a si próprio. Quem paga então? Mais estranho ainda é que o Estado passou a pagar rendas. Rendas! Não havendo um cash-flow líquido positivo nas contas do Estado (a mim, pessoalmente, pouco me interessa se é Estado ou universo empresarial do Estado, se é orçamento ou desorçamentação), passa então a haver um cash-outflow pelo pagamento de rendas? Quem ganha com isto? O Estado vende um imóvel, não recebe nada por ele (ou recebendo, tem de se endividar para o pagar) e ainda fica a pagar uma renda?!
Mais estranho ainda são as condições financeiras da venda. O artigo apresenta alguns exemplos em que a yield dos negócios rondou os 8%. Oito por cento?! Mas quem é que este Governo Socialista quer enganar?!

Se o Estado Português tem feito emissões de dívida a 10 e 15 anos sempre abaixo dos 5%, porque é que está a financiar-se a 8% com o seu património imobiliário? Não acredito que o Estado Português não consiga estruturar uma operação financeira com algum do seu património imobiliário a investidores qualificados por yields inferiores a 8%. Perdoem-me mas não acredito! E se o problema é perder a propriedade (justificação que encontro para vender à esfera empresarial do Estado), então que mantenham uma opção de recompra.
A minha pergunta é: Qual é o interesse em perder tanto dinheiro com operações destas? Quem ganha com isto, afinal?
Isto não me parece ser lá muito bom negócio (imobiliário)!