os direitos reservados, por ssru


Esta nossa imagem de doce colorido, aqui publicada em Março, voltou a ver a luz da ribalta passados quatro meses ao ser utilizada pelo JN com a legenda de “direitos reservados”. O artigo onde foi inserida pretende contar uma história repetida mas que em matéria jornalística revela pouco sumo. Ficamos, como sempre, servidos pela rama sem que o fruto seja espremido.

O nome do senhorio parece-nos relevante para percebermos muita coisa. Trata-se de uma empresa que comprou vários edifícios na Baixa do Porto para com eles ganhar dinheiro, de preferência sem os reabilitar, o que é mais ou menos aquilo a que na gíria chamamos de “especuladores”. Neste entretém especulativo, os espaços comerciais que arrenda, prefere fazê-lo a comerciantes vindo do Oriente, que pagam rendas astronómicas que ninguém ainda se interessou em saber como.

Interessaria perceber se o projecto que em Março de 2010 estava já aprovado, teve algum desenvolvimento ou por que razão não se mexeu. Sendo um Quarteirão Prioritário e a gestão da Porto Vivo, bastaria a jornalista ter batido à porta da SRU para ficarmos todos a saber o que se passa neste domínio.

Esclarecido o assunto anterior passaríamos à autorização camarária para a ocupação da via pública, sabendo assim em que moldes foi autorizada, pois não acreditamos que tal estenderete tenha sido ali colocado sem autorização. Havendo um historial de estenderetes e nenhuma obra realizada, interessa-nos saber o que levou a CMP a autorizar a colocação destes andaimes e se para tal conferenciou com a Porto Vivo.

De seguida, assunto bem diferente é a publicidade, no caso iluminada e tudo. Os contornos que levam a estes contratos de publicidade por parte das marcas que se arvoram de responsabilidade social, mas que neste caso apenas visam o lucro imediato, desprezando a cultura, o património, o ambiente urbano, a economia e os portuenses. Consideramos importante saber se a CMP também se cobrou pela colocação da publicidade e se pediu autorização à tutela nacional, que neste caso é a Direcção Regional de Cultura do Norte, dado tratar-se de um Imóvel inserido em conjunto classificado como de interesse público. Isto sim, é que torna o gigantesco painel ilegal!

A Adagio reservou-se ao direito de ganhar mais clientes/dinheiro com a publicidade, a proprietária dos imóveis reservou-se ao direito de ganhar dinheiro com a chafarrica, a CMP reservou-se ao direito de cobrar as taxas municipais de publicidade e de ocupação da via pública, os inquilinos reservaram-se ao direito de reclamar os prejuízos e os maus tratos por parte do senhorio, o JN reservou os direitos da nossa foto para poder colorir apenas mais uma notícia e nós reservamo-nos ao direito a continuar a defender aquilo em que acreditamos, em defender o Porto e o Centro Histórico.

Nestes quatro anos de luta feitos ontem, acreditamos que defender o local onde pertencemos, não é direito reservado de ninguém, mas um dever de todos.

Um pensamento sobre “os direitos reservados, por ssru

  1. Pingback: o jornalismo “sound-bite”, por ssru | ssru . sociedade secreta de reabilitação urbana

Os comentários estão fechados.