Na semana passada o JPN apresentou um artigo em vídeo que colocava quatro perguntas, aparentemente simples, a cidadãos de diferentes idades e sexos, que passavam na Avenida dos Aliados. As respostas foram confrangedoras…
1. Quem foi S. João Baptista? 2. Há quanto tempo é comemorado o S. João do Porto? 3. Porque é no dia 24 de Junho? 4. O que significa o manjerico? – parecem ser perguntas fáceis de responder, mas a verdade é que quase ninguém consegue sequer articular uma ideia sobre o assunto. Intrigados, fizemos exactamente o mesmo teste ao nosso grupo de amigos, colegas e vizinhos. É verdadeiramente arrasador!!!
Abatidos, catalogamos este episódio na pasta “crise de valores”, por julgarmos que é lá o seu melhor lugar. A ignorância de um povo sobre a sua herança, ou grande parte dela, não é um assunto inócuo, mas uma grave questão de Sobrevivência, de Identidade, de Futuro. Fomos à procura das mais simples e sábias respostas para vos brindar e foi muito fácil encontrá-las. De imediato percebemos que para nós, portuenses, o S. João não é só um feriado municipal, mas muito mais do que isso. Reparem!
Esta interactiva “Viagem pelo S. João no Porto, por Germano Silva”, ilustra bem a simplicidade, a eficácia e a quantidade certa de informação que é possível transmitir mantendo viva a tradição, a identidade e a memória de uma população. O Jornal de Notícias foi ainda mais longe e elaborou um “Especial” dedicado à festa que tem ajudado a manter, ao santo padroeiro que ninguém quer esquecer.
Na verdade, para manter esta festa e este santo bem vivo no coração dos portuenses não é necessário fazer grande coisa. Basta deixar a gente desta terra festejar à vontade, com o civismo e a solidariedade que sempre a caracterizou. Acreditamos até que todas as tentativas de institucionalizar os festejos, geraram um movimento oposto de libertação, com mais ou menos ideologia, mas sempre folgazão. A festa pode mudar com os Tempos, mas a sua história não pode ser esquecida.
E mal seria que este ano não houvessem reparos a fazer e (para além da insignificante dessincronização musical das duas ribeiras, na hora do foguetório) dois haverá a assinalar:
1. Cada vez se compreende menos o papel da RTP nestes festejos. Se em anos anteriores não se sentiu a estranheza da sua presença, este ano revelou-se incompreensível a escolha logística, a colocação do Palco – de costas para a assistência, a posição e tamanho do ‘gueto’ das câmaras de filmar, a parafernália de veículos estacionados no Cais da Estiva, etc. Muito nos admiramos como foi possível os responsáveis municipais pela segurança e protecção civil, terem permitido aquelas bolsas de espaços sem saída e cheias de pessoas que não conseguiam de lá sair. Lamentável. Pura sorte!
2. A forma ostensiva como é mostrado o costumeiro Passeio Fluvial da comitiva municipal e demais convivas, no site da CMP, neste período de austeridade como o que actualmente vivemos, pareceu-nos perfeitamente desnecessário. Não nos interessa quem é que pagou a festa, se foi a Câmara ou se foi o dono do grande barco, até porque o Governo também não paga bilhetes na TAP mas decidiu, bem, dar o exemplo e viajar em classe económica para Bruxelas. Deve ser este, mais um sintoma de rigor e seriedade. Porque de solidariedade, com as atitudes do Governo do mesmo Partido, é que não parece ser… O problema aqui é a ostentação e, já agora, a falta de proximidade dos eleitos com os eleitores, ao contrário do que aconteceu no [tão criticado] lado de lá!