a afronta ao Porto, por ssru

“Não desconsidere o Porto – a Cidade não tolera desconsiderações, como historicamente sempre aconteceu.”

in Carta Aberta de Rui Rio ao Governo, Maio de 2013

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A 83ª Edição da Feira do Livro do Porto não se realizará neste ano de 2013 da graça de Nossa Senhora, algo que acontece pela primeira vez desde a sua 1ª edição. Esta desconsideração tem a autoria do executivo camarário e do seu Presidente, o Dr. Rui Rio.

A Cidade do Porto não esquecerá, como historicamente sempre aconteceu!

a arma de arremesso, por ssru

Por estes dias, tem sido a Porto Vivo utilizada como arma de arremesso contra “o Estado, diga-se o Governo”, pois é o Governo que Rui Rio pretende atingir. Mesmo que, como neste caso, o executivo governamental tenha como maior partido político, o seu próprio e ainda partido… Para um indivíduo demagogo, com uma agenda política única e centrada na sua pessoa, mostrando laivos de ditadura reaccionária e boçal a tempo inteiro, é quase certo que todas as armas se lhe afiguram legítimas. Até mesmo usar a sua menina dos olhos – a SRU – para desesperadamente atingir o altar que julga pertencer-lhe por herança e por direito.

Com extrema facilidade se consegue convencer qualquer indivíduo com uns argumentos mais ou menos sectaristas, pela presumível defesa do Norte e da economia do Porto, desde que seja a bater no Governo que neste momento tem umas costas bem largas e muito tem feito para apanhar. E por isso não estranhamos que tenham aparecido tantos notáveis, saídos debaixo dos colchões onde têm andado escondidos a tentar salvar o seu quinhão das garras do ministro das finanças. E porquê escondidos? Porque em tantos anos de reinado deste espécime que temos como Presidente de Câmara, nunca antes (como bem diz o Rui) se viu tantos e tão juntos em causas bem mais meritórias do que esta. Poderemos, se quiserem, desfiar aqui o rol de causas meritórias, mas se calhar falar-vos dos montantes do QREN desviados para um Sul obeso e das portagens nortenhas das SCUT’s sem justa alternativa, já será suficiente para colocar a dívida do IHRU à Porto Vivo no bolso pequenino das calças. E os nossos notáveis onde estavam? Talvez a esfregar as mãos com uns últimos contratozitos com o Estado, diga-se o Governo! Mas agora assinam de cruz, sem sequer perguntarem o porquê da intransigência do IHRU em transferir as verbas.

Segundo o diagnóstico de Francisco José Viegas, este considera que nos últimos 40 anos tem faltado empenho às elites: “Os ricos portugueses andam especialmente tolos e eles são especialmente responsáveis por esta situação, porque podiam fazer e não fizeram. Se alguma coisa falhou nos últimos 40 anos foram estas elites, não fomos nós todos. Quando nós estamos a deslocar a culpa para nós que votámos ou que governámos, não. Quando me diziam: ‘ agora que já estás fora do poder, eu começava a rir. Poder? Qual poder?”. Portanto, usam-se palavras e expressões como boicote, falta de respeito, maltratar o Porto, matar a reabilitação, honrar os compromissos, mas as questões que precisam realmente de ser resolvidas estão relacionadas com a má gestão dos dinheiros públicos que a administração da Porto Vivo tem feito ao longo dos anos. Há uns dias atrás enviámos um mail ao Presidente do IHRU com o seguinte teor:

Caro Arq. Vítor Reis

Ilustre Presidente do Conselho Directivo do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana

Tem sido divulgada na comunicação social a sua opinião acerca da actual gestão da Porto Vivo. A ter em conta o seu currículo e a forma como sabemos desempenhar as suas funções, com seriedade e competência técnica, não será pois de estranhar a sua posição perante tão esdrúxula situação.

De facto, para além do irascível presidente da CMP, cuja arma principal sempre foi a demagogia (com a qual vende a sua imagem a incautos futuros eleitores do futuro primeiro ministro que pretende ser), a SRU do Porto foi tomada, sobretudo desde 2008 altura em que o Dr. Joaquim Branco foi posto na rua, por um bando que tem actuado impunemente. A esta impunidade não é alheia a actuação do anterior representante do IHRU no Porto, o Arq. Rui Loza, cuja quota-parte de responsabilidade no descalabro de degradação do Centro Histórico do Porto, temos vindo a combater.

O chefe do bando, o Eng. Rui Quelhas, que anda agora a vangloriar-se de lhe ter agarrado pelos colarinhos numa das conferências que o Sr. deu aqui no Porto durante a semana da reabilitação urbana, diz que não precisa do IHRU para nada. Traz os seus cães-de-fila agitados e prontos para o ataque, a começar pelo eng. Joaquim de Almeida e Silva que, imagine-se, andava há uns tempos em bicos-de-pés a propalar por todo o lado que iria ser nomeado para dirigir a Delegação do Porto do IHRU. É este um dos grandes artífices pelo buraco negro que foi aberto nas Cardosas, onde ele próprio andou a negociar. Para além deste, temos os restantes “coordenadores” que usufruem de altíssimos salários, como o ausente (IR)responsável pelo núcleo de obras (?) eng. João Ricardo Silva grande malabarista de empreiteiros, como a Lúcios e a Nortejuvil; ou ainda o outro visionário (?) responsável pelo planeamento (e que planos!!!) o arq. José Patrício Martins, que tem vindo a acautelar todos estes interesses nas propostas que faz, cuja reforma antecipada não nos importaríamos de pagar!

Acreditamos, tal como tem referido, que o modelo da Porto Vivo (delineado pelo executivo camarário) se encontra completamente desfasado, não só pela forma de financiamento, como por tratar o território todo por igual, sem perceber que o CHP deverá ter um tratamento diferenciado por ser um núcleo diferente. Quando o demagogo-mor vem falar na proporção do investimento público versus privado, gostaríamos que alguém o obrigasse a provar aquilo que diz… Pois!

Seria bom que antes de fechar a SRU acautelasse as verbas que se encontram depositadas a prazo nas diversas instituições bancárias, onde só numa conta do BCP se encontram 6 milhões de euros a render juros, algo que no nosso cérebro causa alguma perplexidade… Antes de mais conviria que, no barulho da fuga e abandono do barco, os ratos não levassem o dinheiro dos nossos impostos!

Mas, sobretudo, estamos aqui a importuná-lo com este assunto com o objectivo de lhe rogar, caso o futuro venha a impor a extinção da Porto Vivo e no que dependa de si, o CHP não fique mais uma vez órfão de uma entidade que acautele os valores do património da humanidade (coisa que a SRU não tem feito), deixando-o à mercê de oportunistas sem escrúpulos!

Cumprimentos desta sua equipa ao dispor, ssru

 Não desejamos o fim da Porto Vivo, tal como também fomos (ainda somos) contra a actuação do Dr. Rui Rio, quando este extinguiu as instituições que a SRU veio substituir defectivelmente.

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Rui Rio, na sua assumida impotência política para resolver este assunto, desejando contrariar a situação das contas da SRU, apelidada por Vítor Reis como de “geometria variável”, tenta lançar um “grito de revolta” (facilmente desmontável, bastando que diga quais são os 18 hotéis que vão nascer à volta das Cardosas e porque é que isso é bom!) contra o Governo, contra o Ministro das Finanças, contra a Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território e ainda contra o Presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, o seu sócio maioritário (a quem deve obrigações e respeito). Afinal de contas, todos os problemas da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A., se encontram enquadrados e com resolução prevista no Código das Sociedades Comerciais, nomeadamente no artigo 35º. Em último caso existem os tribunais portugueses, mas a solução de Rui Rio é ainda, atacar o Governo com cartas abertas e e-mail’s.

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Mas a nossa solução parece-nos mais lógica: os sócios propõem uma AUDITORIA de âmbito alargado, à gestão em geral, ao modelo de reabilitação e ao exercício financeiro da Porto Vivo, de modo a identificar os problemas e os seus responsáveis, procedendo de seguida à entrega das conclusões ao Ministério Público. Após a exoneração desses responsáveis, os sócios concordam em nomear um novo conselho e novo corpo técnico, repondo o capital que a nova equipa necessita para a verdadeira “REABILITAÇÃO URBANA”. Simples…

 

o jornalismo “sound-bite”, por ssru


Quando o Jornal de Notícias usou uma imagem nossa num artigo do suporte em papel, escrevemos a nossa opinião (igualmente embrulhada no teor da notícia) sobre o assunto, onde expressámos a nossa discordância por uma abordagem estilo “sound-bite”. Aquilo que “os direitos reservados” visaram, foi expor um jornalismo carregado de falhas, superficial e supérfluo. Em poucas linhas enunciámos uma série de tópicos que, caso tivessem sido melhor aprofundados teriam trazido uma outra verdade à informação que os ‘media’ de hoje julgam que o público não merece.

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Desta vez foi “O Primeiro de Janeiro” que utilizou uma imagem nossa, publicando-a num artigo sobre a Porto Vivo, depois de editada, cortada e lavada com ‘lixívia’. Aqui, achamos por bem dirigirmos um mail ao director do diário, auscultando a sua opinião sobre o caso.

 Caro Director d’ O Primeiro de Janeiro [Ilustre Diário]

Na notícia em anexo, relativa à Porto Vivo, foi usada uma fotografia da nossa autoria, com uma simples aposição das letras “DR”. Cortada e passada a preto e branco, continua a ter a autoria dos administradores da SSRU.

Embora a nossa Declaração de Princípios autorize a utilização de todo o nosso material, para bem da humanidade, isso apenas significa que não necessitaria de a solicitar. Quanto aos direitos de autoria nada diz porque nada é necessário dizer, uma vez que num estado de direito até existem leis para isso. Se por um lado a utilização da fotografia teve o objectivo de ilustrar uma notícia, informando, o que é bom para a humanidade; por outro, é notório o carácter comercial nesse uso [no nosso entender falhando o alvo, pois mostra mais o prédio vizinho à Porto Vivo, ainda por cima uma obra ilegal!?].

Será supérfluo continuarmos a dissertar sobre este assunto pois ninguém melhor que um jornalista percebe a importância das suas fontes e o valor do seu trabalho. Ninguém como um jornalista é capaz de sofrer pela falta de crédito de uma obra sua, portanto… estamos conversados.

Certos de termos merecido a sua melhor atenção e que fará aquilo que em consciência considerar mais conveniente, enviamos os cumprimentos desta equipa ao dispor, SSRU [ssru.wordpress.com]

Não obtivemos qualquer resposta (até ao momento) o que é sintomático de um posicionamento do tal jornalismo que se distancia do público por inexactidão e falta de verdade. Precisamente numa época de acesso quase ilimitado às notícias e à informação, onde o cidadão é convidado a fazer o seu próprio telejornal! Informação que se encontra ao alcance de qualquer agente armado em jornalista que facilmente, sentado em sua casa, de pantufas, percorre as notícias do dia no site da Lusa, junta umas fotas extraída do Google e publica num blog, brincando aos ‘media’. Claro que tudo isto sem os constrangimentos e deveres próprios da profissão.

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Há algum tempo que seguimos com interesse um fórum onde se discute o jornalismo com a paixão própria de quem tem uma missão: “Jornalismo & Comunicação”. Um dos intervenientes, o Professor Manuel Pinto, salientava recentemente um texto que tinha publicado no jornal digital Página 1, da R. Renascença, onde retiramos a seguinte observação: “Se as pessoas abandonam as notícias, haverá que saber se nisso não conta também o divórcio com o jornalismo que se está a fazer”.

E é por esse motivo que se torna urgente uma Carta de Princípios do Jornalismo na Era da Internet, “contributo reflexivo na enunciação, estudo e debate de alguns dos grandes desafios que questionam o jornalismo tal como o conhecemos e os jornalistas o praticaram durante o século XX”:

1. A primeira obrigação do jornalismo é a busca da verdade e a sua publicitação

2. O jornalismo deve manter-se leal aos cidadãos, estimulando o debate e a construção de opinião

3. A essência do jornalismo assenta na verificação da informação e no confronto de fontes e de versões

4. O jornalismo deve escrutinar os diferentes poderes. Aqueles que o exercem devem ser independentes em relação às pessoas, organizações e acontecimentos que cobrem

5. O jornalismo deve tornar interessante o que é relevante e procurar no que é interessante ou mobiliza a atenção dos cidadãos o que é importante e significativo

6. A produção jornalística deve seguir princípios de rigor, isenção, clareza, abrangência e proporcionalidade, e deve empenhar-se em dar voz e visibilidade a cidadãos, grupos e comunidades mais esquecidas

7. Os jornalistas devem ser livres de seguir a sua consciência

8. O jornalismo deve ser transparente e favorecer o debate público das suas opções e práticas e o escrutínio das ligações, interesses e poderes que o suportam

9. O jornalismo deve adaptar-se às diferentes plataformas informativas e interagir com a diversidade de actores presentes no ambiente comunicacional, integrando as suas vozes no processo de produção profissional de narrativas noticiosas e de opinião

10. Inovações empresariais e tecnológicas no ecossistema informativo devem ser feitas com respeito por padrões de exigência profissional e no quadro ético e deontológico em vigor numa imprensa livre e democrática

11. Os cidadãos têm direitos e responsabilidades, no que diz respeito à informação noticiosa.

foto nossa oferecida ao Primeiro de Janeiro

foto nossa, oferta para “O Primeiro de Janeiro”

Nós, cidadãos [ou cidadões como tão bem diz o nosso PR] sabemos quais os nossos direitos e os deveres. Reconhecemos o limite da nossa intervenção e a importância do bom senso, da ética moral e humana de cada uma das nossas vozes. Pudessem os senhores jornalistas fazer o mesmo.

os maus hábitos, por ssru

Ainda esta semana fez notícia (pequenina) na comunicação social a entrega de dez requerimentos por parte do Partido Comunista, questionando o Governo sobre as condições em que várias esquadras se encontram. Também os deputados do PSD/Porto já tinham questionado em tempos, o ministro do Tempo do outro Senhor, enviando um documento onde perguntavam “quais as medidas que “o Governo pretende tomar no que concerne à melhoria das infra-estruturas das Esquadras da PSP da AMP [Área Metropolitana do Porto] e, em particular, da 9ª esquadra do Infante”. O tema da falta de condições das esquadras da PSP do Porto tem vindo a ser debatido ao longo dos anos e parece não ter fim.

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Para além dos cuidados de saúde e da educação, todos concordam que a segurança pública é um serviço fundamental que os cidadãos entregam ao Estado para que este, através dos impostos cobrados, possa gerir da melhor forma. Instalações em más condições, viaturas avariadas, equipamento em falta ou obsoleto, abonos e serviços médicos dos profissionais, subsídios de risco etc., fazem as páginas dos jornais e das televisões, num vai-vem ininterrupto.

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Como podem perceber a nossa esquadra favorita é a 9ª, que fica ali em frente ao Jardim do Infante D. Henrique, bem no coração do Centro Histórico. Convenhamos que não é lá uma grande esquadra, pois não passa de uns fundos de cave, umas catacumbas do Mercado Ferreira Borges, onde sempre choveu lá dentro, os tectos a caírem, as mobílias velhas e as paredes sempre húmidas e cheias de fungos. Mas que diabo, é a nossa esquadra e lá sempre fomos bem atendidos, embora nem sempre com sucesso.

O mesmo terá pensado o ‘chef’ Rui Paula quando um gangue de 20 gunas lhe invadiu o restaurante DOP, situado no mesmo quarteirão de Ferreira Borges a 40 metros de distância da 9ª Esquadra, assustando os clientes e agredindo os funcionários. A PSP foi chamada ao local mas quando os agentes lá chegaram, passados 40 minutos, já os meliantes estavam deitados na caminha, pois passava da meia-noite. Mas não admira que cada metro tenha demorado um minuto a percorrer. É que da esquadra ao Largo de S. Domingos é sempre a subir e como as viaturas estão todas avariadas tiveram que ser empurradas até lá.

Mas as coisas mudaram. Mudam sempre…

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A 9ª foi transformada em “Esquadra do Século XXI” – o que quer que isto signifique! – por uma empreitada de obras públicas de remodelação e adaptação, no valor de 70 mil euros. Com paredes de granito à vista, vidros foscos e aços inox, alta tecnologia ali a bombar informação e mesmo assim achamos que podia ter ficado melhor do que está. Os problemas do equipamento têm tendência a resolverem-se. A juntar a este festim, o Comando veio garantir que o problema da falta de viatura para patrulhar o Centro Histórico já está resolvido e que a segurança da população nunca esteve em causa.

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Recapitulando: temos uma esquadra nova, equipamento novo, carro novo, até temos umas ruas novas. Apenas continuamos é com os mesmos “maus hábitos” de estacionar na passadeira,  ou melhor agora, no novo passeio que ficou maior e mais acessível. Está na hora do Senhor Comandante da PSP-Porto (que até tem um sobrenome bem portuense) começar a implementar umas aulas de formação cívica para alguns dos seus soldados, que ainda não perceberam que já não há tolerância para este tipo de faltas de respeito e desprezo pelos cidadãos.

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Já agora se alguém souber que nos informe porque razão um dos responsável da empresa que efectua as obras do eixo Mouzinho/Flores, estaciona diariamente uma carrinha em cima do passeio que ele próprio ajuda a construir (que deveria estimar, orgulhoso) e que ainda não entregou ao dono de obra. Se não for muita maçada, gostaríamos também de saber, porque é que ao fazê-lo em frente à 9ª Esquadra, ele goza da maior benevolência e da melhor protecção policial como ninguém, levantando as piores suspeitas sobre este tipo de atitudes promiscuas entre a PSP e o empreiteiro.

o homem-estátua, por ssru

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A profissão de homem-estátua requer, para além de uma exímia caracterização, a aptidão para a arte da imobilização, fazendo depender disso a carreira de qualquer profissional que opte por tal meio de sustento. Daí que, quando acometido por uma “aflição”, porventura natural, o homem-estátua poderá não ter outro remédio senão “aguentar” para não perder, por exemplo, uma boa vaga de generosos clientes pasmados com os seus atributos na arte da “estatuária”. Já de um autarca, político de profissão, o seu contrato com o cidadão é bem diferente pois exige que respeite e lute pela causa pública, que governe com ponderação e que trate os dinheiros e a cidade que administra com extremosa dedicação. Mas do mesmo modo caso se veja fosforescido por uma “aflição” do espírito, pois que se contenha e que procure aconselhamento de quem percebe mais do assunto que ele.

O nosso autarca tem tido uma lide imensa, concentrando a sua atenção em espalhar novas estátuas pela cidade e mudando outras, gerando os mais diversos estados de alma ao povo. Para lembrar alguns casos recentes falaremos de um general-sem-medo, apeado ao nível simbólico de um ardina, ali à Praça de Carlos Alberto; de uma mulher de ancas largas e costas viradas para o Palácio Real (Sul) onde deseja marchar, em vez do quartel, à Praça da República; e um Camilo velho e enfadado, com uma Ana jovem e nua nos braços, num canto da praça (junto ao edifício que não terá nenhumas saudades) ao Campo dos Mártires da Pátria [terá pedido ao Francisco Barata para opinar?]. Isto denota um certo e preocupante padrão de comportamento do nosso político profissional.

Com a estátua do Porto, tivesse o discernimento que lhe é exigido pelo cargo, de perguntar a um arquitecto minimamente formado – que não da CMP, ou pior do GAEEP – e a resposta seria que era melhor “não”. Principalmente naquele lugar, desvirtuando o eixo da avenida e àquela altura do chão, quebrando o simbolismo da estátua, certamente “NÃO”! Mas em todo o processo foram os arquitectos os mais desrespeitados pelos políticos e criticados por uma população habituada a ignorar a sua própria cultura. De pouco valeu aos responsáveis da Ordem dos Arquitectos ou da DRCN, gastarem uma hora das suas vidas a reclamar e intentar perguntar ao autarca pela mudança, pois tudo se esqueceu com maior rapidez.

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Vejam, o caso da estátua “O Porto” constitui um falhanço dos portuenses, quer por aquilo que ela representa – um guerreiro do Norte – cujo simbolismo diz tudo ao espírito tripeiro; e talvez por isso mesmo, a deambulação a que foi sujeita depois de apeada, sem lugar no actual edifício “novo-rico” que acolhe a Câmara, até ser resgatada por um nobre arquitecto. Senão atentamos:

O palácio Monteiro Moreira foi construído na 1ª metade do século XVIII, localizava-se na Praça Nova e foi ocupado no início do século XIX para servir de Câmara Municipal do Porto. Para tal recebeu inúmeras obras de adaptação e reformulação onde passou a figurar a simbólica estátua “Porto”, destacada na parte superior do frontão do edifício municipal.

figuras da tese de mestrado de Rafael Santos Silva, "Praça da Liberdade: 1700-1932 | Uma história de Arquitectura e Urbanismo no Porto", Repositório Aberto U. Porto, 2006

figuras da tese de mestrado de Rafael Santos Silva, “Praça da Liberdade: 1700-1932 | Uma história de Arquitectura e Urbanismo no Porto”, Repositório Aberto U. Porto, 2006

Lá no alto via todos os portuenses na Praça e estes percebiam a hierarquia do poder. A emblemática estátua de granito era quase tosca, mas vista ao longe parecia a mais perfeita das obras. Ela sabia o que representava, pois representava todos os portuenses e nunca podia aproximar-se do chão que todos pisavam.

Mas um Rio de Calvários começa em 1917 com a demolição do edifício para abrir a Avenida dos Aliados, sendo a estátua apeada e reutilizada de forma a menoriza-la perto do chão, primeiro junto ao Paço Episcopal e depois junto de canteiros e flores nos Jardins do Palácio de Cristal. Até que o influente Arquitecto Fernando Távora se lembrou dela para a iluminar em alto ponto na construção da “Torre dos 24”, próximo da Sé, reforçando a lógica do poder municipal simbólico e independente.

As vénias ao inteligente arquitecto foram esquecidas após a sua morte. E como todos os problemas importantes da cidade se encontravam resolvidos pelos políticos da Urbe, surge uma aflição repentina que o “experto” em carrinhos de corrida sentiu sobre o local exacto “adonde” deveriam estar as estátuas.

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Primeiro quis mudar a “menina nua”, ou terá sido a “estátua do Porto”(?), mas deixou a “moça” para mais tarde e vendeu o novo poiso do “Porto”, pertinho do Banco de Portugal, colocando o casto soldado de olho posto na formosa menina, não vá o Diabo tecê-las. O eixo das estátuas da Avenida dos Aliados achou estranho a estranha posição esdrúxula do novo vizinho, mas achou melhor não fazer grande barulho ou confusão, pois este Rio político está quase a acabar. O “argumentório” de que agora está perto(?) do local onde estava antes, para além de ilegítimo pretende fazer de nós ‘debiloídes’!

o "Porto" de volta ao frontão do edifício camarário, seu poiso natural

o “Porto” de volta ao frontão do edifício camarário, esse sim, o seu poiso natural!!!

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Faltam ainda 6 longos meses de ideias surpreendentemente idiotas… o que virá a seguir nos próximos capítulos?! Talvez um “condomínio da cultura”, ou isso…!?