o branqueamento irreversível, por ssru

vista aérea do porto dos anos trinta do século xx, anterior ás grandes destruições @ foto beleza

vista aérea do porto nos anos trinta do século xx, anterior ás grandes destruições @ foto beleza

Afinal, onde é que nós íamos? Ah, aqui está, repescada do baú, uma crónica de Hélder Pacheco publicada pelo JN há cerca de dois anos atrás, da qual queremos apenas reter o conteúdo pois não estamos nada interessados que fiquem a pensar que temos algo contra a pessoa. Na imagem abaixo encontram todo o texto mas o extracto que fazemos é suficiente para perceberem a importância da distância que os cronistas da história da cidade devem manter entre a escrita e o estômago [aviso: alteramos a apresentação gráfica da crónica de uma para três colunas por se adequar melhor à imagem deste blog, mas não mexemos no texto! Ele é todo original]:

“E avançou agora com a inauguração da Praça das Cardosas, cereja no coração do bolo desta reabilitação exemplar daquele quarteirão, cuja audácia exige coragem e perseverança, como a cidade há muito não via. Talvez desde João de Almada, quando a Praça da Ribeira, a Rua de S. João e S. Domingos foram rasgadas. Desde que Pinto Bessa avançou com Mouzinho da Silveira e a Rua Nova da Alfândega. Desde que a Câmara da “Lista da Cidade” lançou as bases da 1ª República e concretizou a Avenida Central que o Porto não assistia ao aparecimento de obra tão essencial ao seu Renascimento, tão susceptível de promover dinâmicas sociais e comerciais que transformem a Reabilitação da Urbe de aspiração em imperativo.”

Hélder Pacheco tem razão quando diz que esta é uma obra irreversível, para vergonha de todos os portugueses, quiçá da Humanidade. Atrevemo-nos até a afirmar que Rui Rio e a sua gestão autárquica representarão, no contar da história deste Povo, uma catástrofe com verosimilhanças próximas das provocadas pelas tropas de Napoleão quando as Invasões Francesas atingiram o Porto e Soult, Duque da Dalmácia, incendiou e varreu a cidade para a morte nas barcas, há pouco mais de 200 anos. Qualquer dia ainda ouvimos alguém dizer que no tempo de Salazar é que era bom! [ironia]

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O “poder instituído” procurará sempre, tal como no passado, uma forma de branquear as suas actuações. Assim, nada melhor do que inventar um “Prémio Nacional de Reabilitação Urbana” para credibilizar os recentes “tsunamis”, premiando as intervenções catastróficas que dizimam os Centros Históricos classificados, que no caso do Porto se encontra inscrito na “Lista do Património da Humanidade”. Bastará olhar para a lista dos premiados para perceber quantos daqueles se podem considerar verdadeiras reabilitações patrimoniais, tal como as convenções internacionais, que Portugal assinou, assim o reconhecem. Reparem como os autores desta escandalosa intervenção nas Cardosas, foram duplamente premiados com o excelente trabalho [ironia] desenvolvido no Mercado do Bom Sucesso, quer ao nível patrimonial, cultural, social ou económico. Significa isto que quem está errado somos nós, que não percebemos o “irreversível Renascimento do Porto”.

Sabemos que esta turba de medíocres que decide as nossas vidas, é preguiçosa e nem sequer se dá ao trabalho de investigar seja lá o que for, mas bastará levantarem os olhos e verem estes dois exemplos, lado a lado, no mesmo Quarteirão Prioritário:

– do vosso lado direito um trabalho realizado por uma equipa de jovens e dedicados arquitectos que, relendo o edifício do século XIX e mantendo ao máximo a sua autenticidade, souberam proteger o investimento do cliente particular;

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– do vosso lado esquerdo uma pseudo-reabilitação com traços artísticos indeterminados, projectado por uma “velha” equipa do sistema, após uma destruição quase total dos edifícios existentes (com pormenores de limitada inteligência como fazer um túnel que desemboca contra um muro de granito) e que reinterpreta de uma forma mordaz os cheios e os vazios, as varandas, os elementos estéticos, etc. fruto de um investimento apenas comparável à profundidade do parque de estacionamento cavado no interior do quarteirão – ou seja, Fundo e pago por todos nós.

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Nada justifica tal opção de ignorância tamanha, mas ainda assim seria possível encontrar alguns argumentos caso a destruição que aqui teve lugar, resultasse num edifício singular como a Estação de S. Bento ou a Casa da Música. Mas não, é irreversível! Agora, restam-vos apenas os nossos “perdigotos da maledicência”.

a banalização do mal, por ssru

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 E pur si muove!1

1 No entanto ela (a Terra) move-se

 Do ponto de vista simbólico, esta frase sintetiza a teimosia das provas científicas contra a censura ou a quintessência da rebelião científica contra as convenções de autoridade e dos interesses dos maus poderes em cada circunstância. Conta-se que foi pronunciada por Galileu Galilei para reafirmar o seu conhecimento científico de que a terra gira em volta do sol e não o contrário, como queriam obrigá-lo a reconhecer.

A intervenção no quarteirão das Cardosas (no centro histórico do Porto) o maior exemplo de destruição e demolição intencional em património classificado e protegido ao mais alto nível (património mundial da UNESCO) em Portugal, foi sintomaticamente premiado pela Revista Vida Imobiliária como bom exemplo de Reabilitação.

Esta intervenção no quarteirão das Cardosas, agora premiada, e reprovável a todos os títulos, foi realizada sob o slogan: “Cardosas, construímos hoje o património do futuro”. Um júri constituído quase exclusivamente por pessoas vindas de sectores que não o do património ou o da REABILITAÇÃO, e, portanto, longe de serem especialistas, entendeu premiar esta intervenção. Existe um pudor e uma ética que nos deve inibir de avaliar publicamente aquilo para o qual não temos conhecimento específico reconhecido. Existe também uma regra, além das questões éticas e da praxis. Assim funciona a avaliação de mérito em instituições sérias e rigorosas, nacionais e internacionais, respeitadoras do estado do conhecimento e das boas práticas adoptadas internacionalmente relativas às matérias em apreço. Os prémios geralmente destinam-se a premiar o que se distingue positivamente e não o contrário. Estamos pois perante uma inversão perigosa de valores e uma manipulação grave dos conceitos e do léxico da conservação e da reabilitação das cidades históricas, sem reação ou contraditório visível, o que nos confirma talvez que vivemos de novo em tempos sombrios. Os tempos sombrios, definidos por Hannah Harendt são aqueles em que se perdeu a capacidade de pensar criticamente e de exercer a capacidade de julgar, dando assim lugar à possibilidade da banalidade do mal. O mal na pujança da sua normalidade, o que permite tudo sem um julgamento, como se fosse banal. A incapacidade de estabelecer juízo crítico é um atributo dos tempos sombrios que amesquinham o interesse público, que o corroem por dentro com as faltas de credibilidade, com governos invisíveis, com discursos que não revelam o que são, degradando a verdade. Tudo isto se passa agora nas nossas cidades históricas e no património arquitectónico e urbano. Esta incapacidade ou negação objectiva para exercer o julgamento ou o juízo crítico permite que tudo seja reduzido ao discurso promocional imobiliário e tudo vale! Eis a banalidade do mal no domínio da conservação e da reabilitação das cidades históricas. O prémio imobiliário agora atribuído à intervenção realizada no quarteirão das Cardosas, não é um prémio para distinção de boas práticas em reabilitação de cidades históricas porque justamente esta intervenção viola todas, mas todas, as regras e boas práticas nacionais e internacionais reconhecidas pelos especialistas, universidades, e pelo ICOMOS e UNESCO e às quais o Estado português está obrigado por força dos seus compromissos e da legislação em vigor no nosso país. O ICOMOS Portugal promoveu de resto em Outubro de 2013 um encontro nacional sobre este assunto, com uma participação institucional e cívica alargada, e onde se demonstrou que há alternativas a este modelo imobilista, velho e errado, técnica e cientificamente, que se insiste em aplicar na gestão das cidades históricas, o que ainda é mais grave quando elas, as cidades, são um património da humanidade.

E pur si muove: A verdade do conhecimento científico e das boas práticas reconhecidas a nível internacional contra a banalidade do mal dos nossos tempos sombrios.

O Conselho de Administração

ICOMOS Portugal

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O comunicado que o ICOMOS Portugal teve a simpatia de nos remeter, aqui acima exposto, veio reforçar a nossa percepção que, da sua parte não desistirá tão facilmente de cumprir as suas responsabilidades na defesa do Centro Histórico do Porto, em particular e na salvaguarda do património classificado, em geral. Julgamos tratar-se do único organismo que o tem feito publicamente, de forma sistemática e responsável, apresentando os argumentos que corroboram o seu discurso directo, em confronto claro com as práticas que se instituíram nos últimos doze anos, esta forma medíocre de ver e transformar a cidade.

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Por várias vezes relatamos aqui neste sítio, a morbidez que nos assalta ao assistirmos a este silêncio ensurdecedor, que quer colectiva como individualmente, insiste em permanecer. Não se ouve um qualquer Pritzker, uma qualquer ordem profissional, um professor ou qualquer uma das Faculdades da cidade, ou qualquer Universidade, não se sente um historiador ou um arqueólogo, alguém com elevação suficiente de voz que conteste publicamente as intervenções que abalroaram o CHP nos últimos anos. Dizem-nos que na FAUP se tem falado, mas em surdina. Os interesses particulares de toda esta gente parecem ser superiores ao interesse público que está aqui em causa.

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A Porto Vivo, a maior responsável por este crime patrimonial, julgou ensaiar o discurso da descredibilização do ICOMOS (se isso fosse sequer possível!), talvez como único recurso para refutar a transparente evidência do mal por este apontado e logo com os dedos enfiados pela ferida adentro. Em resposta ao primeiro relatório de 2012 sobre o quarteirão das cardosas, enviado à UNESCO, a SRU preferiu defender-se recorrendo à catedrática sabedoria de Hélder Pacheco (?), que coadjuvou a elaboração de uns desconexos e miseráveis cartazes, expostos na passagem para o interior da nova praça, precisamente onde antes existia um edifício saudável, que foi totalmente destruído. Para além de ter sido bem pago por tal trabalhinho, Hélder Pacheco tem tido assento num lúgubre conselho consultivo da Porto Vivo, do qual não há memória, chegando ao ponto de numa das suas crónicas do JN (que havemos de recuperar), ter comparado Rui Rio e a sua gestão, ao período de ditadura da transformação urbanística do Porto, imposta pelos Almadas.

E pur si muove: A verdade é que o mal se banaliza, porque a cidade está carregada de “homens pequeninos”!

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a moda da invicta, por ssru

O Francisco é um rapaz nosso amigo, quase desde o início desta jornada e tem-nos acompanhado com os seus poemas lancinantes. O texto que nos escreveu há 3 anos atrás ficou emaranhado neste abstruso alinhamento editorial que é o nosso. Sem preocupação, tudo aquilo que vem escrito adequa-se perfeitamente ao tempo de hoje pois fala-nos de uma cidade que ele e nós adoramos, mas que não queremos perder de mão-beijada. Estas palavras do Francisco também são para vocês pois são intemporais.

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A cidade do Porto vive actualmente um enorme flagelo,

está na moda!

Os turistas low-cost, os pseudo estudantes universitários, a destrutiva noite da Baixa.

As Casas de Cultura estão vazias de efectivo valor ou fechadas a círculos de amigos que se convidam e elogiam mutuamente, apresentando ou repondo banalidades ou realizações inatingíveis, de tão presas ao seu umbigo.

Todos se dizem abertos à cidade, à sua população, mas onde é que ela está?

Está na moda, e tudo o que está na moda sofre de vazio.

A moda, ou o estar na moda, é uma falsa visão e vivência de algo, que pouco dura, que suga, e que alimenta só alguns, sanguessugas, indiferentes ao valor intrínseco da vítima.

No pouco que acontece fora de moda encontramos sempre os mesmos, uma espécie de turma decadente, que alinha, dizendo-se contra. Essa contra-cultura que deixou de o ser porque na sua representação microscópica também está na moda ou imbuída do natural egoísmo e vaidade que caracteriza os artistas em geral, e que, neste caso de urgência, até podia ser válida se poeticamente terrorista.

Tudo se banaliza nesta corrente destrutiva, os locais históricos e com estórias estão vazios, ou com meia dúzia de velhos, esses sim, pessoas ainda interessantes mas que necessitam de outras companhias pois o enriquecimento do ser e da vida, faz-se da mistura de tudo e de todos e não do elitismo, mesmo que não forçado.

Outros, por falta de público, de matéria-prima, vão fechando, e, ou ficam a cair aos pedaços, ou são transformados em espaços banais, modernos, franchisados, sem qualquer alma, sem vida e/ou ligação ao espaço onde estão e à história que transportam, salvo o habitual quadro na parede com uma fotografia da Ribeira do Porto, ou da Ponte D. Luís I.

O facto da Cidade do Porto estar na moda, faz com que todos falem nela, interessados não no conteúdo, mas no proveito que podem retirar de assunto tão in.

Esta realidade fez com que outra surgisse, então temos que todo o Portugal fala bem do Porto, dizem agora que no Porto é que é, e vêm nele a salvação para os seus anseios perdidos, num Portugal perdido.

Muitos são os que vêm para cá à procura de tal milagre, mas depois, ou ele não acontece, ou passam a ser só mais uns, parte do rebanho que o suga e destrói.

Muitos há que por troca de algum favor, ou simplesmente por serem politicamente alinhados, estão à frente de instituições e/ou património de valor incomparável. Mas não sabem, obviamente, dar-lhes vida, sendo que na maioria dos casos retiram, ocultam, ou mal tratam, o que graças a uma Cidade Monumental, já lá estava.

Não importa dar exemplos, seriam redutores face a tão enorme praga.

No Porto, até o chão que pisamos é belo e valioso.

Convém não esquecer, que por detrás desta moda, estão meia dúzia de senhores, que vão alastrando os seus tentáculos mafiosos e os negócios sujos, retirando da cidade e principalmente da Baixa, o seu comércio tradicional. Da mesma forma que se retiraram os seus habitantes, por interesses imobiliários.

Esse comércio tradicional, que como sabemos está na base da própria existência da Invicta, característico e caracterizador de cada zona da mesma, é uma herança que vem percorrendo famílias ao longo de muitas gerações, pessoas que conhecem bem o que vendem e sabem do que falam, respeitam a zona, a rua, os vizinhos e até os concorrentes, para não falar da forma ainda humana como atendem os clientes.

Tudo isso está a perder-se, dia após dia.

A Cidade do Porto está a perder o que mais a caracterizava e a distinguia.

Sempre fomos avessos à mudança:

A quando da construção do Coliseu, dizia-se: que feio arranha-céus, para que servirá? Sou contra!

A quando da colocação da escultura do Cubo, na Praça da Ribeira, a maioria foi contra, o que é esta coisa? Estou contra!

No lugar da Casa da Música preferíamos a antiga garagem dos Eléctricos….

Infelizmente, o que exponho neste sentido texto, não se trata desta característica de teimosia, tão portuense, bem como a irreverência, o Porto e a sua população sempre foram irreverentes.

Aqui nasceu Portugal, aqui nasceram as grandes revoluções e mudanças que o país viveu, aqui nasceram a maioria das mulheres e homens de mais rica alma, aqui é Norte, é Porto e é suficiente.

Estar vivo é mudar e a Invicta está viva, sobreviveu a muitas gerações de homens sem carácter, e a muitas investidas de bárbaros invasores. A sua idade faz deste tempo um só dia e o amanhã virá.

As modas felizmente passam e os nomes não são puros acasos, este é o seu:

Para sempre Nobre e Leal, Invicta Cidade do Porto!

Francisco Félix, 23 de Outubro de 2011, Porto.

as mentiras renovadas, por ssru

A 1 de Abril (dia das mentiras) assinalamos o “Dia Nacional dos Centros Históricos Degradados”. Passar mais um ano a relembrar o estado de degradação criminosa do Centro Histórico do Porto, sem que nada se tenha feito de concreto para estancar tal desventura, é tarefa penosa para esta Administração. Ao contrário da Porto Vivo, a SSRU usa a Verdade como instrumento na salvaguarda do património histórico do núcleo urbano mais antigo da Cidade do Porto.

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Como sabem, a Porto Vivo foi criada por Rui Rio tendo como pressupostos um conjunto de grossas mentiras, algumas delas tão bem sintetizadas pelo actual Vereador do Urbanismo, o qual convém sempre relembrar:

  • “(…) nasce a “SRU Porto Vivo” também por decreto mas… com pouca memória e, sobretudo, com uma dose inacreditável de auto-suficiência e voluntarismo, próprios de quem nutre um supremo desprezo pela história e pela experiência! Convém lembrar que, para trás, estavam 30 anos de CRUARB (sob todas as suas formas, e foram muitas e, até, contraditórias!), dezena e meia de anos de Porto Património Mundial, uma dezena de Cimeira Ibero-americana, outros tantos de Polis, de Porto 2001, de Plano de Pormenor das Antas, de Metro do Porto, de Euro 2004 e, ainda, de alguns outros momentos (e projectos) em que a cidade se viu em transformação significativa e (pelo menos) se questionou a si própria! (…) De facto a acção da SRU-Porto Vivo, assentou, desde a nascença, numa política de “tábua rasa” que significa a destruição duma metodologia que tinha por base o estudo caso a caso e, pelo menos, a (desejada) integração de todos os problemas (sociais, culturais, políticos, urbanísticos e patrimoniais) nas soluções (…)”.

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Uma das grossas mentiras que serviu de base de sustentação para a criação da SRU foi a muito propagandeada auto-suficiência económica, em contraponto com a dependência económica das instituições que se disse ter vindo substituir, nomeadamente o CRUARB e a FDZHP. Para os mentores da nova e eficaz máquina de produzir mentiras, fazer-se um contrato de arrendamento a 30 anos com direito de preferência do inquilino sobre o imóvel, estabelecendo assim um contrato social para a permanência da população residente, era uma heresia que tinha de ser arrasada. Dizia um bom amigo de Rui Rio: “qual é o pai com posses que não há-de querer ver o seu filho morar aqui num destes apartamentos com vista para a cidade, em vez desta gente?!”

Uma década após a sua aparição, sob um vergonhoso manto de duvidosa gestão e com um passivo exorbitante, o melhor que a Porto Vivo nos consegui oferecer foi uma Grande e Renovada Mentira: “Porto recupera metade da Baixa numa década” – este é o título da notícia que encomendaram ao JN, em jeito de balanço, para publicar no mesmo dia da Assembleia Geral, a 28 de Março de 2014. Toda a notícia carece de confirmação: desde logo como é que se chegou a mais de 700 milhões investidos em reabilitação; quais as 162 unidades hoteleiras e destas quantas estão legalizadas; como se justifica a tendência para projectos de unidades hoteleiras quando a realidade mostra antes uma preferência por habitação em tipologias pequenas, que eventualmente podem ser transformadas em alojamento turístico ou não; o número de processos entrados aparece como sendo novos projectos, mas comparando com a CMP esse número é impossível; como se consegui o valor de 131,9 milhões de euros em transacções de imóveis na Baixa… alguém se digna responder a isto?! Perguntámos às pessoas mais insuspeitas o que pensavam do título da notícia e o mais caricato é que já nem se riem com os disparates que lêem. Diziam um impropério e encolhiam os ombros em sinal de indiferença. Já todos perceberam que a Porto Vivo é um problema e nunca será parte da solução. Solução é algo que parece não existir para os inesgotáveis adiamentos de Assembleia Geral da SRU, pois já vão no quinto impasse e ninguém mostra interesse em resolver tão absurdo assunto.

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No dia 29 de Março de 2014, festejou-se o “Dia Nacional dos Centros Históricos” e o actual executivo está de parabéns pois conseguiu o feito inédito de juntar um mar de gente a festejar uma cidade que está na moda, como se de um S. João se tratasse. Ainda bem que ninguém reparou que a festa decorreu numa rua nobre onde se cometeram os maiores erros urbanísticos de que há memória. Comparado com isto o caso “Porto2001” ou a Avenida dos Aliados, é uma obra-prima.

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